Frequently Asked Questions
Gaivotas
Gaivotas são aves que pertencem a uma grande família, os larídeos. São inteligentes, adaptáveis e oportunistas. Embora sejam aves marinhas, existem cada vez mais gaivotas que vivem longe do mar.
É geralmente aceite que as cidades oferecem boas condições às gaivotas, tais como disponibilidade de alimento (em particular pela proximidade de aterros e pelos descartes da pesca), temperaturas adequadas, locais apropriados para nidificação (telhados), e, simultaneamente, a ausência de predadores. A iluminação das cidades também lhes permite alimentarem-se de noite. É também possível que o declínio da pesca comercial tenha sido um estímulo significativo para esta adaptação a ambientes urbanos, conduzindo as gaivotas à procura de fontes de alimento mais fiáveis.
Não obstante, não existem estudos suficientes sobre o tema das gaivotas urbanas, em particular na AMP: quantidade de indivíduos, evolução da população, zonas prioritárias de alimentação, sucesso de reprodução, padrões de movimentação, etc., que permitam perceber a dimensão do descontrolo da população de gaivotas nesta região, e as medidas mais adequadas de mitigação.
As gaivotas em ambientes urbanos são consideradas uma praga, porque causam inúmeros problemas:
SANITÁRIOS
- Riscos de saúde pública pela transmissão de agentes patogénicos. As gaivotas constituem potenciais vetores de microrganismos patogénicos, pelo pouso e dispersão de dejetos em locais de contacto humano, nomeadamente portas e janelas, roupas a secar, pátios, recreios, parques infantis e campos de jogos. Sabendo-se que as gaivotas frequentam espaços potencialmente contaminados, nomeadamente aterros, e depois visitam espaços urbanos, existe o risco de transmissão de doenças, risco esse de particular relevância em espaços frequentados por crianças, pessoas de idade mais avançada e/ou pessoas com sistema imunitário debilitado.
DE SEGURANÇA
- Agressividade e ataques (voos rasantes, dejetos dirigidos, choque, bicadas) a pessoas, animais de estimação e animais selvagens. As gaivotas ficam extremamente defensivas aquando da altura da reprodução, e podem atacar sem serem atacadas.
- Risco de colisão com aeronaves.
SOCIAIS
- Ruído intenso de dia e de noite, e em muitas épocas do ano (sendo mais intensos na época da reprodução Primavera-Verão), que perturbam a população e a privam de descanso.
ECOLÓGICOS
- Sendo predadores de outras espécies de aves e roedores, e não tendo as gaivotas predadores em ambiente urbano, tornam-se uma ameaça para outras espécies animais.
ECONÓMICOS
- Danos em edifícios e viaturas, em particular telhados, painéis solares, entupimento de caleiras, etc.
Praga são todos os animais nocivos que, nas formas do seu desenvolvimento natural, na água, nos alimentos e em áreas de abrigo, competem com os seres humanos devido ao aumento da sua população [DGAV, 2020].
- Não alimentar as gaivotas (nem outros animais selvagens). Apesar do desejo de ajudar os animais selvagens ser compreensível, não é no melhor interesse dos animais.
- Não deixar alimentos ou lixo mal-acondicionado, nem acessível.
- Colocar o lixo nos devidos contentores, fechando-os sempre.
- Não permitir a nidificação nos telhados. Utilizar espigões ou redes, devidamente colocados, recorrendo a profissionais qualificados e que operem em segurança.
- Não ameaçar nem assustar os animais.
- Colaborar no estudo da AMP, ajudando a quantificar a dimensão da população de gaivotas, e identificar os principais locais de problemas causados por gaivotas, através da app “Gaivotas à vista”.
Se for atacado por uma gaivota, deverá reportar o incidente através da app “Gaivotas à Vista” e comunicar aos seguintes contactos, conforme o município da ocorrência:
GAIA:
MATOSINHOS:
Câmara Municipal de Matosinhos – 22 9390900 / 22 9392400
Proteção Civil / Polícia Municipal- 22 9398560
Comando da Polícia marítima – 916353249
Centro de Recolha Oficial de Animais de Matosinhos – 22 9392430
PORTO:
Linha Porto. 220 100 220 – Serviço de Atendimento Telefónico | 2.ª a 6.ª, das 9h00 às 19h00
PÓVOA DE VARZIM:
apoioaomunicipe@cm-pvarzim.pt
VILA DO CONDE:
geral@cm-viladonde.pt
Ainda que não seja no melhor interesse dos animais, a alimentação dos animais selvagens, incluindo gaivotas, é praticado por várias pessoas. As razões desse ato podem ser várias e complexas. Se vir isso a acontecer, deverá reportar o evento na app “Gaivotas à Vista”. O registo dos locais de alimentação estará acessível aos elementos técnicos das câmaras municipais, que poderão tomar medidas concretas para dissuasão desse comportamento. Não deverá confrontar o infrator.
Se encontrar uma gaivota ferida, deverá comunicar aos seguintes contactos, conforme o município em causa, para que seja recolhida e tratada.
GAIA
MATOSINHOS: Centro de Recolha Oficial de Animais de Matosinhos – 22 9392430
PORTO: Linha Porto – 220 100 220 – Serviço de Atendimento Telefónico | 2.ª a 6.ª, das 9h00 às 19h00
PÓVOA DE VARZIM: apoioaomunicipe@cm-pvarzim.pt
VILA DO CONDE: geral@cm-viladonde.pt
Não. As gaivotas são animais selvagens! Sabem como procurar alimento, e percorrem grandes distâncias para o encontrar. Não se deve alimentar as gaivotas porque lhes cria maus hábitos de alimentação, que lhes são prejudiciais.
Alimentar animais selvagens não tem o interesse do animal em consideração! Embora seguramente seja feito com boas intenções, existem inúmeras razões para que não se deva alimentar gaivotas ou outros animais selvagens:
- Os alimentos providenciados não são os mais adequados à dieta dos animais.
- Cria-lhes hábitos de consumo que não são adequados à sua sobrevivência e saúde.
- Atrai os animais para ambientes urbanos criando conflitos com outras espécies de animais selvagens e de estimação, assim como com os humanos.
- Contamina o ambiente, não é higiénico e causa poluição visual e sonora.
- No limite poderá desequilibrar de tal forma o ecossistema que obriga a medidas drásticas de mitigação.
- É proibido por lei!
Espécies de gaivotas na AMP
Na Área Metropolitana do Porto as gaivotas mais abundantes são a gaivota-de-patas-amarelas (nome científico: Larus michahellis), que nidifica nesta região, e a gaivota-de-asa-escura (nome científico: Larus fuscus), invernante.
É a gaivota mais comum em Portugal, e aquela que nidifica em ambiente urbano.
A gaivota-de-patas-amarelas tem uma amplitude de asas de 1,2-1,4 m.
Os adultos são brancos com manto e asas superiores de cor cinzenta-aço. As penas das asas exteriores são largamente pretas, com pequenas manchas brancas na ponta da asa. O bico é amarelo com mancha vermelha nas gónadas. Íris pálida, anel ocular avermelhado a laranja. Pernas amarelas brilhantes.
Os juvenis têm um aspeto geral castanho sobre um fundo esbranquiçado. Cabeça pálida com sugestão de uma “máscara” escura, bico pesado todo preto, alcatra pálida (parte inferior das costas) e zona da cauda preta, partes inferiores pálidas, penas inferiores bastante escuras.
Segundo a IUCN Red List é de menor preocupação (última avaliação a 19/08/2019), com indicação de tendência de aumento da população.
A gaivota-de-asa-escura ou Larus fuscus tem uma amplitude de asas de 1,44-1,66 m. Semelhante à gaivota-de-patas-amarelas, mas ligeiramente mais pequena e esguia. As partes superiores escuras desenvolvem-se a partir do segundo Inverno em diante, estreitando instantaneamente a identificação desta espécie. Os adultos têm patas amarelas. As partes nuas desenvolvem-se gradualmente: o bico todo preto nos juvenis passa a amarelo com mancha vermelha no adulto. A íris passa de escura a amarelo, com anel orbital vermelho. As pernas passam de rosa cárneo a amarelo.
Os juvenis têm plumagem inteira limpa; manto e penas das asas superiores tornam-se menos negras e axadrezadas à medida que o pássaro amadurece.
Existe alguma variabilidade na intensidade do cinzento/negro das partes superiores.
Não é muito fácil distinguir as diferentes espécies de gaivotas, em particular as duas espécies de maior relevância na Área Metropolitana do Porto, e uma gaivota muito semelhante que ocorre no Norte da Europa: a gaivota-prateada (Larus argentatus), mas avistamentos desta espécie em Portugal parecem ser muito raros (ver http://www.avesdeportugal.info/lararg.html). Para ajudar na sua identificação é importante estar atento às descrições físicas de cada espécie (cor das asas, das patas, do bico e dos olhos). O ambiente onde são avistadas também poderá ajudar (e.g. se estiverem num ninho em ambiente urbano serão, certamente, gaivotas-de-patas-amarelas).
Ver websites da SPEA e Aves de Portugal para informação útil das características das várias espécies de gaivotas:
http://www.avesdeportugal.info/gaivotas.html
A época de reprodução da gaivota-de-patas-amarelas começa geralmente em abril, com a formação dos casais e a construção do ninho. Geralmente no início de maio começam as posturas, com as crias a nascerem mais para o final do mês de maio, início de junho.
Normalmente a gaivota-de-patas-amarelas tem uma postura por ano, mas já há reporte de duas posturas anuais para esta espécie.
Crê-se que a longevidade da gaivota-de-patas-amarelas é de cerca de 30 anos.
Segundo a IUCN Red List é de menor preocupação (última avaliação a 08/08/2018), com indicação de tendência de aumento da população.
A média de ovos da gaivota-de-patas-amarelas, por postura, é de 3 ovos.
Projeto
Antes da implementação de qualquer medida de controlo de uma espécie residente, como é o caso da gaivota Larus michahellis, é importante caracterizar e quantificar os problemas, avaliar a evolução da população, perceber os padrões de movimentação, alimentação e nidificação, e, com base nos dados adquiridos, propor um plano de ação para controlo desta espécie. A AMP já tinha encomendado um estudo ao CIIMAR em 2010-2011, mas não foram efetuadas atualizações ao estado do problema nesta região desde essa data. É o que se pretende com o estudo que se encontra a decorrer em 2021.
Os resultados do estudo serão partilhados neste website. Mantenha-se atento.
O estudo teve início em janeiro de 2021 e tem a duração de um ano. Será terminado em dezembro de 2021, com a elaboração de um plano de ação para controlo de gaivotas nos municípios em estudo para ser implementado nos anos seguintes.
Sim, já foram realizados alguns estudos, mas não tem havido um acompanhamento regular das populações de Larus michahellis em Portugal.
A Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves realiza censos de aves em Portugal Continental, Madeira e Açores (ver https://www.spea.pt/wp-content/uploads/2020/03/relatorio_cac_2020_vf_compressed.pdf). No entanto, os censos de 2004 a 2019 não incluem a gaivota-de-patas-amarelas em Portugal continental, apesar de a incluírem nos Açores e na Madeira. Em 2021 os censos realizados pela SPEA incluíram a gaivota-de-patas-amarelas em Portugal continental. Estaremos atentos aos resultados.
Existem outros estudos sobre a gaivota-de-patas-amarelas, incluindo um estudo realizado em 2009-2011 pelo CIIMAR, a pedido da AMP.
Existem muitos outros estudos em outras zonas de Portugal e da Europa. No entanto, desconhece-se, neste momento, a dimensão real da população de gaivotas-de-patas-amarelas na AMP, a sua evolução, os comportamentos detalhados desta espécie, e a verdadeira dimensão dos problemas que causam.
Pelo impacto negativo de uma espécie semelhante em países como Reino Unido, Bélgica, etc., é obvio que a ausência de um controlo pode levar a um desequilíbrio ainda maior que implicará, no futuro, medidas mais drásticas para conseguir atingir um equilíbrio.
Parece evidente, pelas queixas crescentes, em número e gravidade, dos munícipes dos municípios em estudo, que a presença das gaivotas e os distúrbios que causam têm vindo a aumentar. Não obstante, antes de uma intervenção, é necessário quantificar os problemas, caracterizar a situação e avaliar medidas possíveis e específicas de controlo e prevenção.
A equipa de trabalho estará atenta a outros estudos que sejam publicados, com relevância para este assunto, e conta com o envolvimento dos cidadãos.
Ciência cidadã ou ciência comunitária, cívica ou voluntária é a investigação científica conduzida, total ou parcialmente, por amadores, cientistas não profissionais. Este tipo de ciência aumenta a capacidade das comunidades científicas, para além de aumentar a compreensão da ciência pelo público em geral. A participação de voluntários pode incluir uma ou mais funções tais como observações, registos, geração de dados e/ou interpretação dos mesmos.
Estudar uma área tão vasta como é a dos 5 municípios da AMP sob investigação, que cobrem 503.5 km2 não é fácil, e o estudo do comportamento das gaivotas não deve ser isolado, mas antes contínuo. Trata-se de animais inteligentes e com grande capacidade de adaptação.
A ajuda da população para identificar os pontos mais críticos na questão de gaivotas é, assim, importante. Permitirá perceber quais são as zonas da AMP com problemas causados por gaivotas, e que problemas são esses. Permitirá ajudar a focar a investigação e perceber o comportamento das gaivotas nas áreas de interesse.
Os cidadãos podem ajudar nesta prática de ciência cidadã através da app, reportando avistamentos de gaivotas, ninhos, ataques ou outros ocorrências com gaivotas. Pede-se que os cidadãos efetuem os seus registos, pelo menos anualmente, e sempre que tiverem alguma nova
informação a reportar. Em conjunto conseguir-se-á uma melhor caracterização da extensão da área e densidade da população de gaivotas, e respetivos impactos nos municípios costeiros da AMP.
Controlo
Os drones deixam as gaivotas muito apoquentadas e agressivas. Não obstante, especialistas neste tipo de tecnologia afirmam que as aves apresentam uma curva de aprendizagem e de habituação aos drones, pelo que, sem outras estratégias de afastamento, ao fim de algumas semanas o efeito dissuasor dos drones tende a diminuir.
Tem-se verificado que as gaivotas são muito espertas e rapidamente se apercebem de tentativas de dissuasão que não correspondem a riscos reais. Assim, tem-se verificado que imitações de aves de rapina rapidamente deixam de funcionar, sendo frequente ver gaivotas ao lado (ou em cima!) de muitas dessas imitações.
Sim, como predadores naturais de gaivotas, certas aves de rapina assustam realmente as gaivotas, afastando-as. Mas implicam, naturalmente, uma presença constante e não previsível. Adicionalmente, resolve o problema localmente (por exemplo numa esplanada ou num parque, mas não num bairro inteiro). Assim, serão uma solução para locais específicos.
As gaivotas gostam de nidificar em locais protegidos e de boa visibilidade. Gostam muito dos telhados urbanos, em particular atrás de chaminés e também em caleiras. Para evitar o pouso e nidificação em locais específicos (e.g. em redor de uma chaminé), poderão utilizar-se espigões ou redes de fios que impeçam as gaivotas de pousar.
Atualmente o estatuto da espécie de gaivotas-de-patas-amarelas não está isento de proteção. Assim, para remover um ninho desta espécie é necessária uma autorização do ICNF (Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas). Uma das medidas que este projeto incluirá no Plano de Ação é o pedido de alteração do estatuto da gaivota-de-patas-amarelas, para permitir a cada proprietário nos municípios da AMP em estudo a retirada de ninhos e ovos que estejam na sua propriedade. Não obstante, é importante notar que estas medidas acarretam riscos (e.g. trabalho em altura, telhados por vezes instáveis, ataque de gaivotas), e deverão, após aprovação, ser executadas por profissionais competentes, em condições de segurança e proteção.